Com colaboração do Herbário «João de Carvalho e Vasconcelos» (ISA/ULisboa)
Novo Jardim Gulbenkian

Foi inaugurada no passado dia 20 de Setembro a extensão (com cerca de 1 ha) do Jardim Gulbenkian, para Sul do Centro de Arte Moderna (CAM), também ele renovado. O projeto de renovação do edifício do CAM é da autoria do arquiteto Kengo Kuma e a reabilitação do jardim foi entregue ao atelier do arquiteto paisagista Vladimir Djurovic. O desenvolvimento do projeto de arquitetura paisagista contou com a colaboração do Herbário «João de Carvalho e Vasconcelos» (HJCV), na qualidade de entidade consultora quanto à escolha do material vegetal a utilizar.

Conhecendo os principios de design do projeto original dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, da autoria dos arquitetos paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto, foi tomada pela equipa de projeto a decisão de previligiar o uso de espécies nativas da Flora Lusitana, tal como sucedeu no projeto anteriormente referido. A apoiar a pesquisa das espécies a utilizar, bem como a prospeção em campo de algumas delas realizada pela empresa Sigmetum, esteve o arquiteto paisagista Pedro Arsénio, coordenador do HJCV e docente/investigador no ISA. Atividade similar tinha já sido desempenhada pelo arquiteto Pedro Arsénio, em apoio ao projeto do Parque Parque Gonçalo Ribeiro Telles (espaço de cerca de 6 ha, localizados n antiga Praça de Espanha), em colaboração com o atelier NKP - Arquitectos Paisagistas Associados Lda.

Não é novidade a defesa do uso da Flora espontânea do nosso território nos jardins e parques urbanos das nossas cidades (vide, e.g. Palhinha 1940; Vasconcellos 1943; Caldeira Cabral 1993; Arsénio 2004), o que é digno de registo é a crescente aceitação e promoção de tal prática pelas instituições promotoras, tanto públicas como privadas. Tais iniciativas contribuirão com grande eficácia e visibilidade para o suporte da biodiversidade urbana, a redução das necessidades de manutenção e de rega dos espaços verdes urbanos e a crescente sensibilização da sociedade para o valor e beleza do seu património natural.

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/quatro-anos-depois-centro-de-arte-moderna-da-calouste-gulbenkian-reabre_v1600780

Referências

Arsénio, P. (2004). Contribuição para uma nova atitude na utilização de material vegetal em planeamento ambiental e projecto de espaços verdes. Em: Livro de actas das II Jornadas Ibéricas de Plantas Ornamentais - Associação Portuguesa de Hortofloricultura, 425–430. Associação Portuguesa de Hortofloricultura. Vairão, Vila do Conde, Portugal. doi:10.13140/2.1.4311.1683.

Caldeira Cabral, F. (1993). Fundamentos da Arquitectura Paisagista. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa.

Palhinha, R.T. (1940). Flôres Portuguesas, porque não as empregar? Em: , 11. Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa. Lisboa, Portugal.

Vasconcellos, J.C. (1943). O jardim regional. Em: , 15. Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa. Lisboa, Portugal.

 

Algumas imagens do novo Jardim Gulbenkian:

Imagens do parque Gonçalo Ribeiro Telles

Informação extraída do projeto original do jardim Gulbenkian: