Estudo internacional que conta com os investigadores Maria C. Caldeira e Carla Nogueira (CEF) e Miguel Bugalho (CEABN)

Foto © MC Caldeira (link researchgate

Os nutrientes nas folhas, e não a área foliar específica, são indicadores consistentes de elevada adição de nutrientes no solo

A ciência tem procurado indicadores que possam ser utilizados para prever as respostas das plantas às mudanças globais. A morfologia das folhas tem sido um dos indicadores mais utilizados para prever os efeitos das mudanças globais nos ecossistemas terrestres. Num estudo internacional, que contou com a participação de Maria C. Caldeira e Carla Nogueira investigadoras do Centro de Estudos Florestais e Miguel Bugalho do Centro de Ecologia Aplicada Prof Baeta Neves, do Instituto Superior de Agronomia, concluiu-se que a área foliar específica, uma das principais características das folhas mais comumente utilizada como indicadora de diversos efeitos ambientais nas plantas, mostrou que não é um indicador apropriado para avaliar efeitos de perturbações antropogénicas em pastagens. Esta conclusão, um pouco surpreendente dada a tão grande aceitação da área foliar específica como indicador de respostas das plantas a factores ambientais, foi publicada esta semana na revista Nature Ecology and Evolution, uma revista científica do grupo Nature.

Neste trabalho, os autores testaram a resposta de diferentes características da morfologia das folhas a tratamentos de fertilização implementados em 27 pastagens localizadas na América do Norte, Europa, África e Austrália (figura 1). A área foliar específica (a área da folha por unidade de massa dessa folha) não se alterou de modo significativo após quatro anos de adição sistemática de nutrientes nas várias pastagens experimentais. Esta adição de nutrientes visou simular o aumento em disponibilidade de nutrientes, nomeadamente azoto, que está a ocorrer a nível global. Ao contrário da área foliar específica, a concentração de azoto, fósforo e potássio nas folhas aumentou em resposta aos tratamentos de adição de nutrientes. Em particular, verificou-se que a concentração de azoto e potássio nas folhas das plantas estava positivamente relacionada com a a composição em espécies da pastagem embora o mesmo não se tenha verificado com o fósforo. As condições climáticas e de fertilidade inicial do solo também contribuíram para explicar de forma significativa a variabilidade das características das folhas que foram medidas. Uma das principais conclusões foi de que a concentração em nutrientes nas folhas reflecte a fertilidade do solo, mesmo em sítios com condições climáticas e de fertilidade de solo muito diferentes, sendo potencialmente uma característica com mais significado funcional que a área foliar específica.

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Link para a página da revista Nature Ecology and Evolution.