Equipa liderada por docente do ISA nomeada para o “Prémio Inventor do Ano da Agência Europeia de Patentes”
Prof.a Helena Pereira

Coroando um trabalho de investigação de 30 anos em torno da cortiça, suas propriedades e potencialidades, a Professora Helena Pereira, do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (ISA), viu a sua descoberta de perceber como fazer uma peça de cortiça render mais 40% em média e no máximo 85%, reconhecido com a nomeação para o prémio considerado os Óscares da inovação na europa - Prémio Inventor do Ano da Agência Europeia de Patentes.

A descoberta, feita no âmbito de um projecto de parceria universidade-indústria (mais concretamente com a Corticeira Amorim), tem fortes implicações na produtividade industrial e, consequentemente, um forte valor económico, para além de cientifico. Tendo em conta o peso do sector da cortiça na balança de exportações portuguesa (as exportações de cortiça e derivados atingiram em 2012 os 845 milhões de euros. um aumento de 10% em relação a 2010), a relevância do aumento de rendibilidade da cortiça, sem esperar que a árvore volte a renovar a casca, processo que demora nove anos e não dura para sempre, torna-se inequívoca.

Os trabalhos da Professora Helena Pereira são sobejamente conhecidos e reconhecidos, nacional e internacionalmente, tendo sido apoiada nesta descoberta particular por António Velez, do ISA, doutorado em química da cortiça.

Em que consiste este novo processo de expansão da cortiça? A nível molecular, a cortiça tem uma estrutura semelhante à dos favos de mel, com várias células alinhadas, com paredes curvas, o que ocupa espaço. Se as endireitarmos, aumenta-se o tamanho das células, e consequentemente, o volume da peça de cortiça. O processo consiste em colocar a cortiça em contacto com a água (para que as paredes celulares se expandam) e, seguidamente, expô-la a microondas, que as enrijece.

Esta tecnologia, aparentemente fácil, está patenteada a nível internacional desde 2011 pela Corticeira Amorim, e, como refere a Profª Helena Pereira, até agora só foi testada “com granulados, ou seja, os excedentes de peças naturais que são processadas. Mas isso não implica que não possa ser aplicado noutras peças".

Para além da relevância como exemplo de ciência aplicada, este reconhecimento é um motivo maior para que a relação universidade-indústria se possa traduzir numa maior expressividade das patentes registadas por Portugal, tendo em conta que a burocracia e os custos associados ao processo de registo de patentes nem sempre são compatíveis com os recursos financeiros das universidades.

Portugal ainda está na cauda das patentes na Europa: em dez anos, Portugal obteve 259 patentes europeias, algumas delas com cobertura além da Europa, enquanto Espanha, só em 2012 viu mais de 400 invenções protegidas.

Apesar de ainda ficar aquém da maioria dos países europeus, o número de pedidos tem tido uma trajectória positiva: de 2002 para 2012 as requisições de patente aumentaram seis vezes, de 23 para 139 o ano passado.

Assim, Portugal está pela 1ª vez na short-list para o “Prémio Inventor do Ano” na categoria Indústria, disputando o prémio com um espanhol que inventou um método para optimizar a condução de comboios e dois austríacos que cunharam um sistema que permite fechar as portas dos armários com maior suavidade. Os vencedores do galardão serão conhecidos no dia 28 de Maio, numa gala da Agência Europeia de Patentes em Amesterdão.

Além do prémio do júri, há uma distinção do público que pode votar na internet, em http://www.epo.org/learning-events/european-inventor/popular-prize.html.

O Instituto Superior de Agronomia orgulha-se por este sucesso e pelo seu impacto.



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