15 de maio a 5 de junho de 2024 - Zoom, com Entrada Livre
a botanica no azulejo

O Ciclo de Conferências «A Arte do Azulejo em Portugal» é organizado pelo Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), tendo a coordenação de Maria Salomé Pais (ACL), Sónia Talhé Azambuja (CEABN-InBio/ISA/ULisboa, FCT/UAlg) e Vítor Serrão (ACL, ARTIS-IHA, FLUL), decorrerá de 15 de maio a 5 de junho de 2024, via Zoom, com entrada livre.

Este ciclo tem a colaboração da Prof.ª Auxiliar Convidada Sónia Talhé Azambuja, docente da Área Disciplinar de Arquitetura Paisagista e Investigadora do CEABN-InBio do ISA. Conta com conferências de José Meco (15 de maio, "Azulejaria Barroca: Ciclo dos Mestres"), Ana Paula Rebelo Correia (dia 22 de maio, "Mitologia Greco-romana na Azulejaria do Barroco"), Sónia Duarte (dia 22 de maio, "Fontes e Modelos para o Estudo da Imagem Musical, Sacra e Profana, na Pintura de Azulejo em Portugal no Século XVIII)", Rosário Salema de Carvalho e Susana Coentro (dia 29 de maio, "Onde a História da Arte e a História das Técnicas Artísticas se encontram: os Azulejos do Claustro do Convento de Jesus"), Sónia Talhé Azambuja (dia 29 de maio, "A Botânica no Azulejo em Portugal"), e Vítor Serrão (dia 5 de junho, "O Azulejo e os Fingimentos Cerâmicos"), sempre às 18 h, via Zoom (ID Reunião: 94839946250).

 

Sinopse: «A arte do Azulejo, uma das grandes especificidades do património artístico português - tanto em Portugal como no mundo onde fez valer a sua influência -, é antes de mais uma manifestação de grande projeção cenográfica. Este Ciclo pretende mostrar, mais uma vez, como se processou a sua relação viva com a arquitetura (religiosa e civil), através de efeitos decorativos integrais, sempre sugestivos e quase sempre diversificados.
Trata-se de uma linguagem artística cuja projeção na vivência quotidiana se tornou, desde o século XV até aos nossos dias, de grande impacto visual e com força caracterizadora da construção, fosse ela erudita ou vernácula. Podemos avaliar esse efeito como um verdadeiro «contentor de memórias e afetos acumulados», como diz a historiadora de arte brasileira Dora Alcântara, grande estudiosa da azulejaria luso-brasileira, a qual vê na criação azulejar 'uma sinalização viva das nossas mais profundas raízes identitárias'. Embora fosse durante muito tempo considerada uma «arte menor», de efeito exclusivamente decorativo, a verdade é que a linguagem do azulejo empregou muitas vezes os melhores artistas, os que tinham maior formação erudita (caso de António de Oliveira Bernardes, um genial pintor de óleo e fresco que, na viragem do século XVII para o XVIII, se dedicou sobretudo à azulejaria e nos legou obras absolutamente prodigiosas). Passada a fase em que esta manifestação artística esteve menorizada face às ditas «artes maiores», os estudos de referência de José Queirós, de Vergílio Correia, de Reynaldo dos Santos e, sobretudo, de João Miguel dos Santos Simões, no século passado, muito contribuíram para o seu definitivo reconhecimento. Sim, a arte cerâmica, de simples matéria frágil pintada e cozida, tem sempre sabedoria e engenho para se multiplicar em efeitos visuais diversificados e que assumem fortíssimas concatenações estéticas cheias de memórias e afetos. Esse é um dos milagres da arte portuguesa».