História
O Instituto Superior de Agronomia (ISA) tem as suas raízes remotas em 1852, com a criação do Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa, no reinado de D. Maria II, durante a REGENERAÇÃO, dirigida por Fontes Pereira de Melo.
Estabelecia a Lei de 1852 três graus diferentes de ensino:
- O ensino mechanico ou de officio para os homens do campo, ganha-pães ou jornaleiros, verdadeiros instrumentos de lavoura;
- O ensino artistico ou secundário, já mais elevado, ao mesmo tempo prático e theorico, com destino a feitores ou chefes de culturas;
- ensino superior e scientifico, principalmente destinado a agronomos, individuos com preparação mais completa e estudo desenvolvido, habilitados a dirigir as grandes explorações agrícolas.
O Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa foi inaugurado no lugar da Cruz do Taboado, onde se encontra a Faculdade de Medicina Veterinária (Nota: refere-se às antigas instalações da FMV, na Rua Gomes Freire). A ele se anexou depois a Quinta da Bemposta, situada a cerca de 1 km, onde numa escala reduzida era fácil fazer as diferentes demonstrações práticas e realizar algumas experiências.
Diz-nos Bernardino Cincinnato da Costa, quase 40 anos depois "o Instituto Agrícola de Lisboa, era a única instituição remanescente das que a lei de 1852 houvera criado, graças ao indefeso trabalho e superior inteligência do seu primeiro Director, o muito notável Dr. José Maria Grande" (veja-se, ao lado, quadro a óleo do Dr. José Maria Grande, pintado por J. Santa Barbara em 1862).
Com o objectivo de aperfeiçoar e desenvolver a agricultura, o curso do Instituto Agrícola de Lisboa tinha quatro anos e comportava sete cadeiras. "Às disciplinas próprias do Instituto eram acrescidas as preparatórias cursadas na Escola Politécnica: Zoologia, Anatomia e Fisiologia Comparadas, e Botânica e Fisiologia Vegetal, além do Desenho do 1º ano; e no Instituto Maynense (S.J.): Elementos de Física, Química e Geologia Agrícola.
Curiosamente, as Artes Agrícolas – designação equivalente a Industrias Agrícolas - estavam integradas no vasto conteúdo da 7ª cadeira: Economia Agrícola, Administração e Contabilidade Rural, Artes Agrícolas, Legislação e Engenharia Rural".
No ano de 1864 verificou-se a junção do Instituto Agrícola de Lisboa com a Escola de Veterinária Militar (ao Salitre), que fora fundada pelo Governo do Rei D. Miguel em 1830 (29-III), criando-se, deste modo, o Instituto Geral de Agricultura.
Nesta reforma a componente prática do curso de agronomia passou a efectuar-se na Granja do Marquês, em Sintra. A reorganização de cadeiras em ciências preparatórias e ciências técnicas, criou uma primeira cadeira, Agrologia e Culturas Arvenses, e uma segunda que englobava as matérias Topografia, Arboricultura e Silvicultura.
Já a disciplina de Zootecnia fora criada quando da fundação do Ensino Agrícola Superior em 1852, abrangendo, desde logo, os princípios científicos sobre que deveria assentar a exploração dos animais domésticos. Ao longo da evolução do nosso Instituto até hoje sempre foi entendido que os meios conducentes à exploração animal são indissoluvelmente ligados à agricultura.
Com as epidemias catastróficas, verificadas na 2ª metade do século XIX, nomeadamente o míldio da batateira (1845), oídio da videira (1850), filoxera (1861) e míldio da videira(1878), foi realçada a importância económica da protecção das plantas e intensificou-se a investigação, adquirindo a Entomologia Agrícola e a Patologia Vegetal estatuto de disciplinas científicas.
Na posterior reforma de Emídio Navarro, de 1886, o Instituto Geral de Agricultura passou a denominar-se como Instituto de Agronomia e Veterinária. Esta reforma levou à criação da 11ª cadeira – Tecnologia Rural e Florestal: análise dos produtos tecnológicos. Por pressão de alunos, de professores e de forças sociais e políticas, foi criado em 1906 o “Ensino Agronómico Colonial” que o Instituto de Agronomia e Veterinária, pela sua secção de agronomia, foi encarregado de ministrar.
Após a implantação da República, em 1910, todo o sistema educativo do País entra em transformação. O Instituto de Agronomia e Veterinária é extinto e substituído por duas instituições diferenciadas: a Escola Superior de Medicina Veterinária e o Instituto Superior de Agronomia. Era Ministro de Fomento do Governo Provisório da República Manuel Brito Camacho, que instituiu os títulos de Engenheiro Agrónomo e de Engenheiro Silvicultor para os novos licenciados do Instituto Superior de Agronomia.
Durante a Monarquia, estes profissionais sempre foram, e continuaram a ser, simplesmente referenciados como Agrónomos e Silvicultores.
A Tapada, como o Jardim Botânico da Ajuda, foram entregues, nesta altura, ao Instituto Superior de Agronomia. Seria inaugurado, sete anos depois, na Tapada da Ajuda, o actual Edifício Principal do Instituto.
O Edifício Principal do ISA, na Tapada da Ajuda, projectado pelo Arquitecto Adães Bermudes, foi inaugurado em 1917. Apresenta uma estrutura quadrática com claustro e arcadas incompletas (veja-se foto ao lado).
Quanto ao ensino florestal, surge uma primeira diferenciação real em relação ao curso de Agronomia, a qual até à época, se baseava apenas na existência de uma única cadeira, a de Silvicultura. Esta era regida frequentemente, desde o inicio, em termos de acumulação ou por professores que fizeram carreira e tiveram destaque noutras áreas. É neste período que se verifica um alargamento do Plano de Estudos com a criação das disciplinas de Silvicultura e Tecnologia Florestal; de Economia Florestal; Engenharia Florestal, Hidráulica Torrencial, Viação e Meios de Transporte; Aquicultura e Ictiologia; Pesca e Caça; Regime Pastoril; embora, apenas a primeira, tivesse responsável próprio, sendo as restantes regidas pelos responsáveis de outras disciplinas afins.
Simbologia do Logotipo
O seu logótipo, representando uma águia estilizada suportada no lema Hinc patriam sustinet (os que a pátria sustentam), substantiva o papel da inovação, do conhecimento e da Universidade na sociedade moderna. Esta expressão latina foi retirada de "As Georgicas", de Vergilio.