Os fogos florestais têm constituído um factor de destruição e ameaça dos recursos florestais em toda a região mediterrânica, com elevada expressão em Portugal. Todos os esforços concentrados no objectivo de reduzir e controlar o risco de incêndio vêm enfrentando constrangimentos associados à quantidade e qualidade de informação disponível. A definição e execução de estratégias de planeamento e gestão do risco de incêndio exigem informação detalhada e actualizada em tempo-real, como garantia da sua eficiência na prevenção e combate dos incêndios florestais.

O projecto internacional FIREGUARD, financiado pela Comissão Europeia (QLK5- CT-2001-00784), surgiu com o objectivo de ultrapassar este constrangimento, centrando-se na utilização de imagens de satélite de alta resolução para obtenção de informação detalhada e de elevada precisão, que será integrada num Sistema de Informação Geográfica (SIG).

Este projecto constituiu um estudo inovador no desenvolvimento de uma metodologia de detecção remota, para a prevenção de incêndios florestais, e ainda, na produção de uma solução tecnológica baseada em Internet e SIG, que possa ser de grande utilidade para técnicos e gestores florestais. Foi testada a potencialidade de utilização de imagens de satélite QuickBird para extracção de informação relativa a combustíveis (espécie, cobertura, distribuição, diâmetro-copa, altura, biomassa) e infra-estruturas (caminhos, pontos de água), e ainda de imagens de satélite IKONOS para produção de modelos digitais do terreno.

O conjunto de informação resultante integrou a aplicação Internet-IGIS, que resultou numa ferramenta útil para a modelação, planeamento e gestão na prevenção e controlo de incêndios florestais.

Em Portugal foram seleccionadas quatro áreas de teste representativas ao nível nacional (Serra do Marão, Serra do Caramulo, Tapada Nacional de Mafra e Mata Nacional das Terras da Ordem), com o objectivo de calibrar os algoritmos para extracção da informação das imagens de satélite, e produzir a cartografia que integra a base de dados da aplicação SIG. A calibração dos algoritmos foi suportada por um intenso trabalho de campo, já finalizado e conduzido por diferentes equipas portuguesas (UTAD, UAVR, ISA e DGRF).

A fase final do projecto, consistiu na validação da inovadora metodologia, numa quinta área de teste localizada no concelho de Mação, e ainda no teste da aplicação Internet-IGIS. Do trabalho já realizado comprova-se o potencial das imagens QuickBird na aquisição de informação de terreno, à escala aproximada de 1:1200, de grande utilidade como ferramenta de apoio à gestão dos recursos florestais ao nível local.