Qual é o objectivo do site FAGF?
As ferramentas de apoio à gestão florestal permitem reunir a
informação de base à gestão e analisar o impacto de decisões
alternativas na evolução dos povoamentos florestais, garantindo assim a
sustentabilidade e rentabilidade dos recursos florestais. Estas
ferramentas têm vindo a ser desenvolvidas em Portugal nas últimas duas
décadas à medida das necessidades dos diferentes decisores individuais
de forma relativamente independente.
Apesar
disso, estas são ainda pouco utilizadas pelos decisores e outros
agentes do sector florestal português. Existe de facto um
desconhecimento das ferramentas existentes, quais as suas funções,
vantagens, formas de acesso/aquisição. Esta realidade é aliás comum a vários países europeus e foi a motivação do projecto internacional FORSYS, do qual o Instituto Superior de Agronomia (ISA) é um dos
parceiros. A presente análise insere-se neste projecto e pretende
transpor esta dificuldade através do cumprimento dos seguintes
objectivos:
1. Compilação e divulgação de ferramentas de apoio à gestão
desenvolvidas/utilizadas pela comunidade florestal em
Portugal;
2. Informação e promoção da utilização destas ferramentas
junto dos decisores florestais;
3. Promoção do intercâmbio entre entidades creadoras e
utilizadoras de ferramentas;
4. Identificação de novas funções a adicionar em ferramentas
existentes ou mesmo novas ferramentas a desenvolver para dar resposta
às necessidades da comunidade florestal em Portugal.
O que são as ferramentas de apoio à gestão florestal?
São
bases de dados (espaciais e/ou alfanuméricos), modelos estatísticos e
de optimização, sistemas informáticos simples ou sistemas de apoio à
decisão que permitem reunir a informação de base à gestão, processá-la
e disponibilizá-la de forma a apoiar as decisões tomadas pelos gestores
florestais.
Que tipo de funções têm estas ferramentas?
As funções suportadas variam em larga medida com o tipo de ferramenta e a sua complexidade. De um modo geral, podemos dizer que:
1. Bases de dados (espaciais e/ou alfanuméricas) e sistemas de informação simples:
▪ Normalizar,
estruturar e disponibilizar informação de apoio à gestão (e.g. cadastro
de propriedades, inventário florestal, cadastro de proprietários,
projectos em curso, planos de gestão florestal)
▪ Consulta do histórico das operações florestais realizadas
▪ Produzir estatísticas, relatórios e mapas da actividade florestal
2.
Modelos de produção, de crescimento e outros modelos estatísticos (e.g.
modelos de gestão de combustível, modelos económicos, modelos de gestão
da biodiversidade, risco de incêndio):
▪ Os
modelos de produção prevêm o volume dos povoamentos florestais em
função das variáveis dendrométricas medidas no inventário florestal
▪ Os modelos de crescimento projectam o crescimento dos povoamentos florestais ao longo de um período de planeamento
▪ Os
outros modelos estatísticos estimam indicadores indicadores económicos
(e.g. preços, disponibilidades), ecológicos (e.g. biodiversidade,
estrutura da paisagem) e sociais (emprego florestal) com base no estado
dos povoamentos, do mercado dos produtos florestais ou das
características das operações realizadas.
3. Simuladores: incluem bases de dados, modelos de produção e crescimento e outros modelos estatísticos.
▪ Simularo impacto o crescimento dos povoamentos ao longo de um período de planeamento, incluindo a mortalidade natural
▪ Estimar o impacto de operações florestais na estrutura do povoamento
▪ Estimar o impacto de operações florestais noutros indicadores económicos, ecológicos e sociais
▪ Produzir estatísticas, relatórios e mapas da evolução dos povoamentos florestais sob determinadas decisões de gestão
4. Modelos de optimização da gestão:
▪ Optimizar
a gestão de uma área florestal ao longo do tempo, ou seja, definir a
sequência e tipo de operações a realizar utilizando os recursos
disponíveis, de forma a satisfaze os objectivos e condicionantes
definidos pelo gestor florestal.
▪ Os
objectivos e condicionantes variam com o tipo de problema de decisão,
de um modo geral dizem respeito à maximização do rendimento de uma
operação ou da sequência de operações executadas ao longo do tempo,
sujeitas a restrições de ordem económica (e.g. regulariedade do fluxo
de volume, orçamento disponível), ecológica (e.g. dimensão máxima da
mancha contínua a corte) e social (e.g. nível mínimo de trabalho
continuado de um dado prestador de serviços florestais). Para mais
informações clicar aqui.
▪ Estimar
o impacto das decisões sobre nos objectivos de gestão, condicionantes e
outros indicadores definidos pelo gestor (e.g. qual o impacto na
solução global do aumento de 1 unidade nas manchas contínuas de corte
ou de menos 1 unidade nas disponibilidades de madeira de mercado
[análise de sensibilidade]).
5.
Sistemas de apoio à decisão: incluem interfaces de utilizador, bases de
dados e modelos de optimização, modelos de crescimento e outros modelos
estatísticos.
▪ Criar cenários de gestão florestal, utilizando um determinado modelo de optimização da gestão
▪ Utilizar e comparar técnicas diferentes de resolução do modelo de optimização
▪ Realizar análises de sensibilidade para um dado cenário
▪ Produzir
estatísticas, relatórios e mapas da evolução dos povoamentos florestais
ao longo do tempo sob determinado cenário de gestão
▪ Consultar o histórico de cenários elaborados
▪ Comparar cenários sob diferentes contextos conjunturais (e.g.
aumento/diminuição dos preços, aumento/disponibilização da madeira no
mercado, maior/menor número de veículos de transporte ou equipamentos;
maior/menor número de equipas) [análise de trade-offs]
Estas ferramentas já existem à muito tempo?
As
primeiras iniciativas de desenvolvimento de modelos estatísticos e de
optimização surgiram nos EUA e Escandinávia durante a partir da década
de 80. Actualmente existem muitos modelos e sistemas informáticos de
apoio à gestão. Está em curso na Europa uma iniciativa de cadastro
destes sistemas informáticos numa wikipédia disponível a todos, no
âmbito do projecto internacional FORSYS.
Em
Portugal, existe um esforço de desenvolvimento de modelos de
crescimento e produção e simuladores para as principais espécies
florestais (pinheiro bravo, eucalipto, sobreiro). Existem também
sistemas de apoio à decisão que incorporam modelos de optimização e
fornecem cenários óptimos para diferentes alternativas de gestão.
Julga-se que existem várias bases de dados e outros sistemas em uso em
Portugal embora se desconheça quais as suas funções.
Quem pode utilizá-las?
Dependendo
da complexidade da ferramenta e nos objectivos do utilizador, estas
ferramentas podem ser utilizadas por toda a comunidade florestal,
incluindo:
▪ Proprietários florestais públicos, privados e empresas de base florestal com áreas sob sua gestão;
▪ Técnicos
florestais de associações e federações florestais (como associações
florestais, associações empresariais, associações de compartes,
entidades gestoras de ZIF’s)
▪ Técnicos
da administração pública nacional e regional (AFN, Câmaras Municipais),
para definição de políticas e regulação da actividade florestal
▪ Investigadores
e estudantes em várias disciplinas relacionadas com a gestão florestal
(e.g. engenharia florestal, ordenamento do território, economia,
biologia)
▪ Empresas
de base florestal (e.g. prestadores de serviços florestais, parques de
madeira, industrias de transformação de madeira e outros produtos de
base florestal)
▪ Outros agentes interessados, como Organizações não governamentais, entidades certificadoras, populações locais.
São mesmo úteis para os decisores florestais?
As
decisões florestais, especialmente à escala de pequenos proprietários,
são baseada em hábitos e tradições. Não incorporam a realidade actual
florestal, como novos mercados, preços distintos para diferentes tipos
de produtos, boas práticas e acções mitigadoras de pragas, doenças ou
medidas de prevenção de incêndios. A consequência é um
sub-aproveitamento do património florestal e um crescente desinteresse
por esta actividade económica. A utilização de ferramentas de apoio à
gestão florestal permite contrariar este efeito. Os estudos realizados
e a experiência de utilização destas ferramentas por decisores
florestais demonstram ganhos significativos ao nível da maior
eficiência e rentabilidade das operações florestais. Contribuem ainda para a modernização do sector e para o aumento de transparência dos mercados florestais.
Quem as desenvolve?
Os
primeiros modelos de crescimento, simuladores e sistemas informáticos
foram desenvolvidos por grupos de investigação, em colaboração com
outros especialistas internacionais com experiência no tema. Algumas
destas ferramentas resultaram de parcerias com utilizadores finais,
como empresas de produção de pasta e papel ou associações de
proprietários, os quais continuam a utilizá-las para a gestão
florestal. É frequente a disponibilização destas ferramentas para
utilizadores finais mediante protocolos de colaboração. No entanto, são
de um modo geral protótipos que por isso não respondem a todas as
necessidades dos utilizadores.
Recentemente,
graças à familiarização da comunidade florestal com os sistemas de
informação geográfica, têm surgido várias iniciativas privadas de
ferramentas de apoio à gestão, algumas das quais estão a ser
comercializadas no nosso país.
Existem
ainda empresas que se têm vindo a especializar em sistemas informáticos
de apoio à gestão florestal, normalmente desenvolvidas com o cliente
florestal e à medida das suas necessidades.
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