A Curvachia-Cabeço de Vento é uma propriedade privada, com cerca de 75 ha, localizada na Freguesia de Arrabal, Concelho de Leiria, limitada a sul pela R. Nª Senhora de Fátima e a norte pelo Ribeiro da Curvachia, também designado por Ribeiro das Chitas, à excepção de duas parcelas, mais ou menos triangulares, situadas a norte daquele Ribeiro. O limite a nascente coincide com um caminho que ondula debaixo de uma linha de Muito Alta Tensão.
Esta propriedade situa-se maioritariamente numa vertente, na qual o Ribeiro da Curvachia se encaixa marcadamente no substrato calcário, situado por baixo das formações do pliocénico, com a formação de costeiras de ambos os lados, com declives superiores a 25 %.
A área de estudo é atravessada por ribeiras afluentes do Ribeiro da Curvachia, sendo a mais significativa a ribeira da Borraria. Nesta área, as encostas alternam entre as expostas a norte-nordeste e a oeste-sudoeste, sendo coroadas por cumeadas, com cabeços mais ou menos alargados, um dos quais (o cabeço de vento) se alarga para formar um planalto de solos podzolizados, correspondentes às areias e cascalheiras com argilas, do pliocénico. Os solos geralmente pobres, embora com argila que permite uma regeneração abundante dos matos e desenvolvimento da vegetação arbórea, à excepção dos aluvissolos e coluviossolos associados aos talvegues de maior dimensão e naturalmente mais férteis, conjuntamente com a orientação genérica da vertente a norte, justificam a vocação florestal da área de estudo.
A ocupação do solo no sistema seco (charneca) teria sido originalmente de sobreiral nos solos podzolizados de pH ácido a neutro e de cercal nos solos calcários, dos quais sobraram exemplares bastante significativos. Desde muito cedo, os terrenos mais planos e mais férteis foram agricultados, com a predominância da vinha, nas vertentes, e de culturas hortícolas, acompanhadas de frutícolas, nas várzeas.
No princípio do séc XX foi semeado pinhal bravo nos solos mais siliciosos, marcado por alinhamentos de eucalipto, ao longo de linhas ortogonais correspondentes aos aceiros e arrifes que, nessa época se delineavam desse modo. A área de eucalipto expandiu-se, não só a partir desses primeiros exemplares, mas também pelas plantações efectuadas sobretudo a partir dos anos 60 do séc XX, nas pequenas parcelas arrendadas para a agricultura que foram progressivamente abandonadas pelos rendeiros e substituídas por arvoredo, eliminando assim as descontinuidades de material combustível.
Actualmente, o sobreiral tem sido recuperado por regeneração natural ocorrida no pinhal bravo que foi removido, na zona de planalto, de solos mais siliciosos. No encaixe do Ribeiro da Curvachia há áreas de regeneração de carvalho cerquinho. O pinhal bravo e o eucalipto mantêm-se, bastante misturados, situação particularmente favorável ao risco de incêndio. As zonas de declive superior a 25 % são revestidas por matos densos com um papel importante na conservação da água e do solo.
Os fogos de maior dimensão ocorreram em 1985, 1995, 2005 e em 2021 houve uma ignição que queimou só cerca de 1 ha, devido à pronta intervenção de sapadores florestais e de bombeiros.
A propriedade dispõe de PGF aprovado que se pretende substituir por novo plano de gestão, a elaborar no âmbito do SCAPEFIRE, com os objectivos da sustentabilidade ecológica, da resiliência ao fogo e também da viabilidade económica que permita ao proprietário assegurar a gestão da propriedade.