A linha de investigação ForEco do CEF – Centro de Estudos Florestais publicou recentemente dois artigos, nas revistas científicas Environmental and Experimental Botany e Frontiers in Plant Science, dedicado à resiliência das duas principais espécies produtoras de café (Coffea arabica L. e Coffea canephora Pierre ex A. Froehner) às alterações climáticas.
Este artigo resultou de um trabalho realizado em parceria com diversas instituições estrangeiras (com destaque para a Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Estadual do Norte Fuminense, todas do Brasil, e Laboratoire Innovations technologiques pour la Détection et le Diagnostic (Li2D), INRA, França) e portuguesas (FCT/Universidade Nova de Lisboa, ISEL/Instituto Instituto Politécnico de Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária).
Para este estudo a equipa de investigação focou-se nas respostas da planta à secura e/ou aumento da temperatura, assim como no efeito mitigador do aumento de CO2 no ar relativamente aos impactos negativos daqueles stresses, principalmente ao nível do metabolismo fotossintético.
Os resultados apurados apontam no sentido do elevado nível de CO2 ter fortes implicações na forma como o cafeeiro responde ao défice hídrico do solo, permitindo que as plantas desenvolvidas em alto nível de CO2 (700 ppm) apresentem maior vigor quando expostas à secura, quando comparadas com plantas desenvolvidas com 400 ppm CO2. Por outro lado o cafeeiro apresenta resiliência intrínseca à seca e alta temperatura superiores ao que se julgava em face de trabalhos mais antigos.
Estes resultados, em conjunto com outros obtidos previamente pela mesma equipa, sugerem que se poderá esperar um menor impacto das alterações climáticas (calor e/ou secura) nesta cultura tropical, do que inicialmente estimado através de modelos matemáticos, que negligenciaram o papel central do nível elevado de CO2.
Com estas publicações, e outras que lhe seguirão, pretende-se dar continuidade à linha de investigação dedicada ao estudo dos mecanismos/respostas de aclimatação do cafeeiro a stresses abióticos, desenvolvida desde os anos 50 do século passado na então Junta de Investigações do Ultramar, e posteriormente no Instituto de Investigação Cientifica Tropical desde há cerca de 30 anos pela actual equipa, que integra agora o CEF/ISA/UL
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