
A predação tem um papel fundamental na regulação das populações de diferentes espécies de insetos que podem ser pragas agrícolas. No entanto, a importância deste serviço de ecossistema pode ser afetada pela intensificação agrícola, através da redução e fragmentação dos habitats que disponibilizam os recursos necessários à reprodução e sobrevivência dos predadores.
Neste contexto, a área ocupada por Infraestruturas Ecológicas, a sua tipologia e distribuição espacial em ecossistemas agrários podem ser fatores determinantes na limitação natural das pragas agrícolas ao fornecer abrigo e recursos alimentares a diversas espécies.
O artigo publicado pelo grupo ForProtect na revista Sustainability, baseia-se num estudo realizado nos vales do Tejo e Sorraia, e pretendeu avaliar o papel das Infraestruturas Ecológicas na predação de pragas agrícolas.
O estudo insere-se no âmbito do projeto Optimus Prime, e intitula-se “Ecological Infrastructures May Enhance Lepidopterans Predation in Irrigated Mediterranean Farmland, Depending on Their Typology and the Predator Guild”.
Para o efeito, utilizaram-se larvas artificiais (dummies), como presas-sentinela, para estimar a taxa de predação, por diferentes grupos de predadores (aves, mamíferos e insetos).
Foram instaladas dez larvas artificiais por local, num total de 60 locais (34 na matriz agrícola e 26 nas Infraestruturas Ecológicas).
Como principais resultados, observou-se que:
- O efeito das Infraestruturas Ecológicas na taxa de predação variou em função do grupo de predadores e do tipo de Infraestrutura Ecológica;
- A vegetação lenhosa ripária foi o tipo de Infraestrutura Ecológica que esteve associada a maiores taxas de predação;
- As aves foram o grupo de predadores que mais beneficiou da presença de Infraestruturas Ecológicas;
- A taxa de predação por aves mostrou estar correlacionada com a área ocupada por Infraestruturas Ecológicas na paisagem envolvente, diminuindo com a distância a Infraestruturas Ecológicas lenhosas e ripárias;
- A predação pelos mamíferos foi mais elevada na matriz agrícola do que na maioria das Infraestruturas Ecológicas, exceto na tipologia herbácea ribeirinha.