Equipa de investigadores do CEF realiza primeira análise à composição da casca dos cepos de eucalipto

Equipa de investigadores do Grupo ForTec analisou, pela primeira vez, a composição química da casca dos cepos de eucalipto

Os cepos de eucalipto, só recentemente, começaram a ser valorizados como fonte de matéria-prima para a produção de pasta para papel. Até então eram arrancados, esmagados ou incorporados no solo para fertilizar o mesmo.

Actualmente, são utilizados como biomassa sólida para a produção de calor e energia em centrais térmicas e para a produção de pasta de papel.

A análise da composição dos cepos de eucalipto tem sido, desde há vários anos, alvo de estudo por parte da equipa de investigadores do grupo Fortec, mas a sua análise cingia-se à composição da madeira dos cepos com o objectivo de aumentar o seu potencial de valorização numa perspectiva de biorrefinaria. Recentemente começaram a estudar, também, a composição das cascas dos cepos.

Para o estudo foram usadas cascas de cepos de eucalipto cedidas pela indústria de pasta para papel (Altri-Celtejo). A equipa de investigadores analisou a sua composição química e anatómica, tendo como objectivo aumentar o conhecimento deste resíduo florestal/industrial essencial na sua valorização num contexto de economia circular e tendo por base uma biorrefinaria.

O primeiro artigo sobre o estudo da caracterização química e anatómica das cascas de cepos de eucalipto acaba de ser publicado na revista cientifica “Waste and Biomass Valorization”:
https://link.springer.com/article/10.1007/s12649-020-01098-y

As conclusões deste trabalho mostram que este resíduo, por apresentar na sua composição anatómica um elevado teor em fibras, pode ser usado na produção de pasta para papel, tendo como ressalva a desvantagem de apresentar um elevado teor em extractivos e cinzas.

Os extractivos apolares (compostos extraídos por solventes como o diclorometano) são predominantemente constituídos por compostos triterpénicos (uma classe de metabolitos secundários que são produzidos pelas plantas e acumulados nos lumens das células), e os extractivos polares (extraídos por solventes como o etanol) são ricos em flavonoides e taninos (outra classe de metabolitos secundários).

Todos estes compostos são fontes interessantes de compostos bioactivos, que podem ser usados, por exemplo, para fins medicinais e terapêuticos, entre outros.