Etapas e desafios de uma análise de rentabilidade de um ecossistema florestal

Uma análise da rentabilidade de um ecossistema florestal gerido com um determinado sistema de silvicultura implica várias etapas:

1.      Definição do(s) sistema(s) de silvicultura que se pretende seguir ao longo do horizonte de planeamento e das operações de silvicultura que lhe estão associadas

a.      No caso de uma nova plantação é suficiente definir o sistema de silvicultura pretendido e as operações associadas

b.      No caso de um povoamento existente há ainda que definir a gestão a praticar durante o período de transição (por exemplo: se devemos cortar o povoamento existente e replantar; como transformar um povoamento sem gestão há vários anos num ecossistema bem gerido de acordo com uma determinado sistema de silvicultura; como transformar uma monocultura próxima do final da rotação numa floresta mais complexa – irregular e/ou mista – que venha a ser gerida de acordo com o conceito de coberto contínuo)

2.      Previsão da dinâmica do ecossistema florestal durante o horizonte de planeamento pré-fixado. Esta previsão inclui a previsão da evolução do povoamento, nomeadamente do seu crescimento, incluindo regeneração, e da produção de bens públicos e privados os quais, no seu conjunto são designados por serviços dos ecossistemas (para relembrar estes conceitos consultar https://florestas.pt/academia/quanto-vale-a-floresta-portuguesa-o-valor-...)

3.      Atribuição de custos às operações florestais correspondentes ao(s) sistema(s) de silvicultura e calendarização de operações selecionados

4.      Atribuição de preços aos produtos (bens privados) que se prevê que o ecossistema venha a proporcionar durante o horizonte de planeamento pré-fixado e, se possível, valorização dos bens públicos

5.      Calcular o Valor do Solo, o qual corresponde ao Valor Atual Líquido de uma série de plantações, ou de uma série de ciclos de um povoamento gerido de acordo com o conceito de coberto contínuo, repetidas à perpetuidade com base numa espécie e sistema de silvicultura considerados adequados para esse local.

6.      No caso de o sistema de silvicultura selecionado para um povoamento existente implicar um corte final, então há que acrescentar às receitas, no final da rotação, o Valor do Solo com base numa espécie e sistema de silvicultura considerados adequados para esse local.

Uma das principais dificuldades desta análise é a obtenção de informação sobre os custos das operações florestais e sobre os preços dos produtos, assim como na valorização dos restantes serviços dos ecossistemas (bens públicos). A informação estatística oficial sobre o sector florestal encontra-se dispersa, de difícil acesso, em vários formatos e muitas vezes desatualizada ou desajustada da realidade.

Surge assim o projeto/grupo Análise da rentabilidade da Floresta Portuguesa (ARF@pt) que tem como objetivo estudar a rentabilidade de vários ecossistemas florestais, geridos com base em espécies e/ou sistemas de silvicultura alternativos, e utilizando custos das operações e preços dos produtos reconhecidos pelos representantes das partes interessadas (stakeholders) como corretos. Para alcançar estes objetivos pretende-se envolver representantes dos vários grupos de partes interessadas, de forma a que os resultados desta análise representem a realidade e possam assim ser úteis quer para suporte dos proprietários privados, das empresas ou de medidas de política florestal.

O projeto é baseado na utilização dos modelos simuladores de crescimentos da floresta desenvolvidos no grupo ForChange (Forest Ecosystem Management under Global Change – Gestão de Ecossistemas Florestais num Contexto de Alterações Globais), os quais se encontram descritos e disponíveis para download no site FCTOOLS (http://www.isa.ulisboa.pt/cef/forchange/fctools/en/home).

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